O mapa da inovação brasileira está cada vez mais colorido fora do eixo Rio–São Paulo. Dados recentes da Associação Brasileira de Startups (Abstartups) mostram que o Nordeste e o Norte já abrigam mais de 16% das startups ativas no país, sinalizando uma descentralização sem precedentes no ecossistema nacional.
Esse avanço, puxado por iniciativas de bioeconomia, tecnologia verde e novos polos de pesquisa, coloca cidades como Salvador, Fortaleza, Belém e Manaus no radar de investidores e grandes corporações de olho em soluções de impacto socioambiental.
Com 11,5% das empresas inovadoras mapeadas, o Nordeste se destaca por hubs emergentes na Bahia (3% do total nacional) e no Ceará (2,4%). Já a Região Norte, que reúne 4,6% das startups no Brasil, apresenta potencial explosivo justamente por alinhar negócios escaláveis a desafios socioambientais da Amazônia Legal.
A força desse movimento foi confirmada pelo estudo Mapeamento do Ecossistema Brasileiro de Startups 2024, divulgado pela Abstartups, e ganha corpo em programas de estímulo, investimentos locais e eventos globais sediados na região.
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ToggleStartups no Nordeste e Norte ganham tração e visibilidade
A soma das startups no Nordeste e Norte passou de tendência a realidade. Juntas, as duas regiões saltaram para 16,1% dos negócios ativos, segundo o levantamento. A descentralização é reforçada por bolsas de incentivo, parcerias com universidades e abertura de hubs de inovação que reduzem a dependência do Sudeste.
Além do percentual expressivo, chama atenção o perfil desses empreendimentos: boa parte aposta em soluções de energia limpa, agricultura inteligente e economia circular, áreas em que o capital semente encontra forte demanda local.
Números que contam a história
• Nordeste: 11,5% do total brasileiro, liderado por Bahia (3%) e Ceará (2,4%).
• Norte: 4,6% do total, com foco crescente na Amazônia Legal.
• 68,1% das startups financiadas receberam investimento de origem local.
Abstartups leva ações estratégicas para além do Sudeste
Para sustentar o boom de startups no Nordeste e Norte, a Abstartups intensificou programas de mentoria, capacitação empreendedora e fomento a comunidades tech. Entre as medidas estão convênios com universidades, suporte a eventos regionais e parcerias com hubs que conectam empreendedores a investidores.
Em 2025, a associação ampliou a presença no Norte ao integrar o Pacto da Amazônia, compromisso que mira desenvolvimento econômico aliado à conservação ambiental. Segundo Lindomar Góes, presidente da entidade, a meta é transformar o Amapá em referência de inovação sustentável e aproximar o estado de agendas globais, como a COP30.
Presença em eventos globais
A primeira reunião do grupo Startup20 (G20) em solo brasileiro, realizada em fevereiro de 2024 no Amapá, colocou a Amazônia no centro das atenções. O encontro destacou cases de bioeconomia e reforçou o papel das startups no Nordeste e Norte como vetor de impacto social.
Sustentabilidade e bioeconomia impulsionam Amazônia
Não é coincidência que boa parte dos novos negócios na região norte tenha DNA verde. A abundância de recursos naturais e a urgência climática atraem soluções de reflorestamento, manejo de resíduos e cadeias de valor sustentáveis.
Imagem: Reprodução
O Inova Amazônia Summit 2025, que terá liderança direta da Abstartups, promete lançar o Pacto de Inovação da Amazônia. A articulação reunirá governos, universidades e empresas para criar condições favoráveis ao surgimento de startups que usem biodiversidade de forma responsável.
Ações práticas em cada estado
Após o manifesto inicial, cada unidade federativa da Amazônia Legal construirá planos de ação próprios. A ideia é transformar intenções em resultados mensuráveis que aqueçam a bioeconomia, atraiam capital e gerem empregos de qualidade.
Capital local fortalece ecossistemas regionais
Um dado relevante do mapeamento: 68,1% das startups que captaram recursos o fizeram por meio de investidores regionais. Esse movimento estimula um ciclo virtuoso, pois o dinheiro permanece no território, impulsionando a economia e fomentando novas rodadas de investimento.
Para quem acompanha o mercado de tecnologia no Olhar Tec Digital, o recado é claro. O futuro da inovação brasileira, antes concentrado, está agora ancorado em diversas capitais e cidades de médio porte espalhadas pelo país, com destaque para o Norte e o Nordeste.
Por que isso importa para investidores e corporações?
• Menor competição por deals iniciais.
• Vantagens fiscais e custos operacionais mais baixos.
• Potencial de impacto social e ambiental elevado.
Perspectivas para 2025 e além
A expectativa é que o percentual de startups no Nordeste e Norte continue crescendo, sustentado por políticas públicas, fundos de venture capital regionais e a visibilidade internacional garantida por eventos como a COP30 em Belém.
Com novas frentes de financiamento e projetos de inovação aberta, cidades como Fortaleza, Salvador, Manaus e Belém devem atrair ainda mais talento qualificado, reforçando a descentralização do ecossistema brasileiro.
Chamada para ação
Empreendedores interessados em escalar soluções de impacto podem acompanhar editais regionais e se integrar às comunidades locais de inovação. Já investidores encontram no Norte e no Nordeste mercados menos saturados, com elevada oportunidade de retorno.
A revolução silenciosa está em curso. Ficar de fora pode significar perder a próxima leva de unicórnios brasileiros — e, de quebra, deixar passar a chance de contribuir para um futuro mais sustentável.